terça-feira, 1 de janeiro de 2008

AS RECORDAÇÕES, RETRATOS DE UM TEMPO...



Quando era da sexta série no colégio Padre Eustáquio tinha uma professora de inglês loira muito brava a Aparecida e um grande amigo que desde então nunca mais vi, o Roberto Damasceno muito mimado e que chorava a toa. Também tinha o Marcos Vinicio; fazia questão de frisar que era Marcos Vinicio com "ó" e não Marcus Vinicius como os outros...

Mas a história é que eu era bom de inglês e sempre acabava as tarefas antes e sentávamos de duplas, aquela coisa de mapa de sala e este Roberto sentava comigo e eu tentava ajudá-lo mas a professora desta vez viu e deu a maior dura. Roberto começou a ficar vermelho, vermelho - bom, na realidade ele ficou roxo pois tinha uma cor morena bonita - e aí começou a chorar e a Aparecida dizia lá da frente. Que gracinha, o bebê chorão e a turma toda ciu na risada; Ele ficou tão nervoso que fez xixi nas calças não quis sair da sala na hora do recreio e nem quis que eu ficasse com ele.

O Marcos Vinicio que era muito amigo dele também, primeiro até do que eu e morria de ciúmes da minha amizade com Ele e tinha ido naquela semana ao programa da Tia Dulce tentou ajudar também mas, o menino estava desconsolado que até soluçava de tanto engolir pranto.
Ainda com o uniforme de educação física e a blusa da Colégio nos ombros, só esfregava a blusa na cara pra tentar esconder as lágrimas e quanto mais fazia, mais chorava.
Outro que foi da minha turma foi o Rodrigo covinha que foi meu colega de desabafos durante muito tempo; tinha poucos amigos e gostava de ir pra casa dele na rua Anchieta pra conversar até tarde. Via que seus pais que ainda são muito criteriosos se incomodavam com eu sair dali tarde e sozinho, mas era assim...
Uma vez inventamos de ir dar a volta na lagoa da Pampulha só nós dois de manhanzinha e saimos ainda com escuro e bem frio. Ele vestiu uma cueca que era de seu irmão mais novo e quanto mais a gente corria mais ele dizia que a cueca tava esmagando seus bagos e brincava - "com este frio aqui fora e quentes como estão minhas bolas se eu puzer a mão nelas agora vai sair até fumaça e vão murchar na hora..." - ele sempre foi muito dado a falar safadezas, muito inteligentes e levado, conseguia ver putaria em tudo - num desenho que fiz uma vez de um rosto ele disse que o nariz estava parecendo um pinto, sem saber.. - mas era uma pessoa sensacional e, deve ser até hoje; depois disso o vi uma ou duas vezes e da última me disse que ia se casar.Recentemente vi seu pai numa missa na igreja do Padre Eustáquio mas não deu pra falar com ele.
Rodrigo uma vez levou a mim, Washington, Gustavo, Cláudio e um outro que não me lembro agora pra jogar basquete em sua casa - a desculpa era fazer um trabalho não sei de quê - e depois lanchamos, alguns se banharam. Ele tem um irmão que era seminarista e hoje deve ser padre ou quem sabe até desistiu da empreitada, né... Ele comentava que seu irmão ainda tinha dúvidas quanto aquela escolha. E o mais novo, o da cueca, ele não gostava muito que ficasse com a gente não; eles dois eram como cachorro e gato nesta época.

Bons tempos aqueles onde nossa preocupação era em tentar enamorar as meninas e mostrar nossa qualidades como bons jogadores de basquete, bons alunos e bons companheiros de escola; existia uma camaradagem diferente de hoje.

Sinto saudades destes que citei e de outros como o Beck, a Renata, a Zélia, a Patrícia, a Simone, o Nonato, e outros tantos que depois falo deles...

Ah, se eu pudesse voltar no tempo e reescrever esta história destes meus companheiros, destas nossas saídas, dos nossos jogos de basquete e völei nas quadras do parque das Mangabeiras, nossos lanches, a casa de Gustavo que era lonnnnge com aquela vidraça colorida alegre e seu irmão Cristiano me jogando aviões cheios de papel picado quando íamos estudar lá. Ah..., se eu pudesse...

Cada um pra um canto, um curso, uma vida; todo mundo sumiu e poucos se lembram da gente ou, se se lembram nem estão aí. Mas foi um tempo memorável pra mim, um tempo bom de mais pra esquecer só porque estou com quarenta e cheio de cabelos brancos e ainda idéias mal acabadas.

Ah, se eu pudesse...
TEXTO E FOTO RONALDO E. COELHO

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